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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Libras não é a única

Há cerca de 180 línguas e dialetos indígenas no Brasil. O guarani, por exemplo, tem mais de 30 mil falantes, e outras, como o ianomami e o caingangue, contam com mais de 5 mil usuários. A única língua indígena de sinais reconhecida, porém, é a da comunidade urubu-kaapor, no sul do Maranhão. O povo dessa localidade remota na região amazônica tem elevada incidência de pessoas surdas (uma em cada 75) e desenvolveu uma forma própria de comunicação por sinais que começou a ser estudada na década de 1960 pelo pesquisador canadense James Kakumasu e em seguida pela professora brasileira Lucinda Ferreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Uma característica interessante desse caso é que toda a comunidade domina os gestos, permitindo que exista a comunicação fluente entre ouvintes e surdos. "Trata-se de uma língua com o uso social de modo pleno", afirma Ayron Rodrigues, da Universidade de Brasília. "Em uma aldeia de 60 pessoas, por exemplo, todos se comunicam com as pessoas surdas. Elas não constituem
uma comunidade à parte." Mas, nas escolas, a inclusão das crianças com deficiência auditiva ainda caminha a passos lentos.
Não se tem notícias de outro caso no Brasil de uma comunicação análoga à de sinais urubu-kaapor - também pelo fato de os estudos na área serem muito recentes. Um primeiro passo, no entanto, foi dado com a criação do Inventário Nacional de Diversidade Linguística, que será encabeçado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O projeto visa coordenar o estudo de diversas línguas minoritárias no país - as de sinais, inclusive. É um trabalho e tanto, haja vista que a cada duas semanas um idioma se extingue no mundo - segundo levantamento feito pelo projeto Enduring Voices, da revista National Geographic -, levando com ele histórias e saberes.

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