Belém- Pará- Brasil

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Construção de uma biblioteca com e para crianças menores de 3 anos



Introdução
Tão importante quanto garantir que as crianças tenham acesso a bons livros desde bem pequenas, é organizar ambientes convidativos, aconchegantes e singulares para que elas possam usufruir das histórias em situações prazerosas de interação com os colegas, professores e famílias. A iniciativa de construir uma biblioteca na sala para e com as crianças, constitui-se uma excelente oportunidade para fomentar o contato das crianças com os livros, criar lugares mágicos, cheios de identidade, e realizar rodas de leituras.

Anos
2 e 3 anos

Duração
Um semestre ou ao longo do ano todo

Objetivos
- Construir, coletivamente, uma biblioteca como lugar capaz de abrigar não somente livros, mas de suscitar rituais agradáveis de leitura;
- Apresentar o acervo de livros, promovendo o gosto pelas histórias e ampliando repertórios;
- Estreitar a relação creche-família por meio do empréstimo de livros.

Desenvolvimento
1ª etapa
O primeiro passo é o professor discutir com seus parceiros - outros professores e equipe gestora - sobre os livros que pretende escolher para compor o acervo de sua futura biblioteca de sala. Essa escolha implica que o educador seja, acima de tudo, um leitor, que tenha interesse em se aventurar no mundo das histórias para conhecê-las, antes de lê-las para seu grupo de crianças. Selecionar temas como: animais, objetos sonoros, família, transportes, personagens de diferentes etnias, histórias cumulativas com várias figuras do universo do faz de conta (bruxas, piratas, lobos).

Outra dica é escolher livros coloridos, com ilustrações bem definidas, textos curtos e alguns com fotografias reais das coisas. É importante garantir um equilíbrio entre a quantidade de livros de capa dura com livros de material convencional, pois é comum que algumas páginas se danifiquem, rasguem ou que sejam levadas à boca, em razão do grande interesse e da necessidade da meninada em manipular as publicações.

Não se esqueça de incluir no acervo livros que contenham apenas imagens, pois eles favorecem a criação de histórias próprias das crianças.

2ª etapa
Deve-se organizar um lugar onde os livros ficarão expostos e acessíveis às crianças. De preferência, escolha um canto em que haja o encontro das paredes ou então aproveite a parte traseira de móveis e armários. Depois, é possível confeccionar suportes de tecido com vários bolsos, trilhos de cortina virados ao contrário para serem fixados à parede, baús de madeira pintados pelas crianças ou até mesmo aqueles caixotes de feira, que se ganharem rodinhas e cor ficam melhores ainda, uma vez que poderão ser transportados de um lugar para o outro.

3ª etapa
Uma prática que dá bastante resultado é construir um tapete com as crianças. O objetivo principal aqui é fazer com que o tapete tenha "a identidade" delas, uma vez que servirá como um indicador dos momentos de leitura, iniciando assim um ritual próprio da turma.

Separe um tecido de algodão cru de mais ou menos 2 por 2 metros. Veja a possibilidade de alguma família ou profissional da creche costurar as bordas do tecido para que o tapete não desfie conforme o uso. Convidar alguém da comunidade interna ou externa faz com que o trabalho comece a ser partilhado entre todos, dando noções para as crianças de que é importante realizar as ações de maneira coletiva. Acredite, sempre terá alguém disponível para ajudar!

De posse do tapete, organize com as crianças situações de pintura. Nessa hora vale experimentar muitas técnicas: carimbar o tecido usando esponjas e guache; desenhar as silhuetas das crianças pedindo que elas se deitem sobre o tapete, fazer a sobreposição dos contornos e, em seguida, pedir que elas pintem por cima usando tintas. Fazer intervenções com fitas crepes ou outros moldes de desenhos de interesse da turma - bichos, símbolos - para que elas passem rolinhos de pintura e deixem suas marcas sobre o tecido. Feito isso, é só esperar secar para depois começar a usá-lo como um indicador do ritual das rodas de leitura na biblioteca.

4ª etapa
Outra estratégia para delimitar o ambiente é solicitar às famílias que enviem para a instituição camisetas, vestidos ou outras roupas reconhecidas pelas crianças para que esse material seja preenchido com espuma, costurado nas aberturas e depois pintado pelas próprias crianças, transformando-se em "almofadas personalizadas". É curioso ver a criançada de posse de sua própria roupa reaproveitada como estofados para sentar-se e deitar-se enquanto os livros são apreciados.

5ª etapa
Apresente os livros da biblioteca aos poucos às crianças. Uma ideia é reunir a turma no "cantinho" do tapete diariamente em um horário específico, como, por exemplo, logo após o lanche, e apresentar alguns. Você pode ler o título e até o comecinho da história, mostrar as ilustrações e fazer perguntas sobre o que eles acham que acontecerá. Um pouco de suspense ajuda a aumentar a curiosidade da turma pelos livros. Deixe que as crianças também se envolvam com a organização dos volumes na estante. A divisão pode ser bem simples, como os gibis e revistas de um lado e os livros de outro. Outra classificação pode ser: ‘os que gostamos mais’ e os que ‘ainda não conhecemos’. Ou os livros que trazem histórias e os informativos, que explicam coisas. Os pequenos devem ter noção de que tipo de livros encontrarão em determinado lugar da estante. É importante que as crianças tenham acesso livre à biblioteca (ou ao menos a parte dela) e possam manusear os livros à vontade sob o olhar do professor - além do momento específico da leitura conduzido pelo educador com um enfoque direcionado a uma determinada prática.

6ª etapa
E qual deve ser a relação do professor com a leitura? Na biblioteca, o foco é pensar na sua prática enquanto leitor. Você é, afinal, o responsável por apresentar o mundo da leitura e é o mediador entre o objeto livro, as crianças e as relações que ali se estabelecem. Nessas situações, certas estratégias e posturas são importantes, tais como: antes de iniciar a roda de leitura, o professor deve mostrar o livro para as crianças, chamar a atenção para sua capa, ler e apontar para o título, dizer quem escreveu a história, quem a ilustrou e qual o nome da editora. As crianças se interessam por essas informações, por vezes perguntam sobre quem fez o livro e se manifestam com sorrisos, gargalhadas e palmas quando o nome é engraçado!

Indagá-las sobre o que acham que a história vai contar, incentivando-as a levantarem hipóteses e anteciparem a narrativa, constitui-se um estímulo à imaginação e ao desenvolvimento da oralidade. Também é necessário ler o texto na íntegra, sem suprimir trechos, pois isso ajuda a criança a perceber que as palavras representam a fala, que há muitos jeitos de se contar e diferentes estilos e estruturas de textos (rimas, poesias, contos, lendas...). Aliás, diversificar os tipos de livros, apresentando-os diária ou semanalmente possibilita que as crianças se apropriem deles com mais liberdade e competência ao manuseá-los sozinhos.

Nenhum comentário: